domingo, 28 de fevereiro de 2010

ÁLVARES DE AZEVEDO - POETA IMORTAL


Meu Sonho

Eu


Cavaleiro das armas escuras,

Onde vais pelas trevas impuras

Com a espada sangüenta na mão?

Por que brilham teus olhos ardentes

E gemidos nos lábios frementes

Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso?

Do corcel te debruças no dorso...

E galopas do vale através...

oh! da estrada acordando as poeiras

Não escutas gritar as caveiras

E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,

Cavaleiro das armas escuras,

Macilento qual morto na tumba?...

Tu escutas...Na longa montanha

Um tropel teu galope acompanha?

E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? - que mistério...

Quem te força da morte no império

Pela noite assombrada a vagar?


O Fantasma


Sou o sonho da tua esperança,

Tua febre que nunca descansa,

O delírio que te há de matar!


Álvares de Azevedo

EPOPÉIA SILENCIOSA

Não posso parar, vou escrever
A Epopéia silenciosa
Não precisa, nem ler
Estou a viver
Ganhar, saber perder
Ando receosa
Cheia de cuidados, desgostosa
No limiar do meu santuário
Instalou-se a escuridão
Flores murchas do calvário
Vulcão sem erupção
Em mim as chagas do teu desprezo
Abrem-se e sangram, dolorosamente
A causa, um ser dormente
A luz de uma verdade estéril, constrangida
Ave solitária, vaga, sofrida
Próximo aos penhascos, anda perdida
Meia-noite, desperta o vento
Veloz, uivando...
Escuto o som do lamento
São gritos, um chamamento
Não posso mais te esquecer
Os barulhos fortes, do teu insano padecer
Caíste no vácuo da existência
Conseguirás talvez, regressar?
Esforço-me para te captar
Carrego bagagens de paciência
Na madrugada eu vou te alcançar
Não desistas, não fiques tão adormecido
Restam pequenas luzes de esperanças
Um sonho a ser vivido
Minha caixa cheia de lembranças
Quantas vertigens
Fogueira enfraquecida, quase cessando
Por ora, me afogo nas fuligens
O tempo está se fechando
Avisto um coral de corvos a cantar
São aves de rapina a espreitar
Melodia sinistra dos jazigos
Partitura exposta, muitos perigos
Cuidado com a crueldade dos falsos amigos
Abrem-se outras feridas
Misterioso eclipse, instala-se no desejo
Te procuro, entre as brumas, um lampejo
Tua silhueta, eu vejo
Lágrimas a jorrar, lavando meu coração
São águas salgadas que atingem seu estuário final
Com certeza, não será o fim da paixão
Silenciosa Epopéia de um amor imortal


Talvez o ocaso de hoje, onde a paixão se esconde, por sorte ou por azar, seja o prelúdio da alvorada do amanhã. Quem poderá saber? Apenas iniciamos uma Epopéia Silenciosa...
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CAVALEIRO DAS SOMBRAS

Cavalga na sombra da noite
O espectro entre a névoa fria
Seus lamentos são sons de acoite
Oculto em uma pesada armadura
Ninguém mais o segura
Perdeu-se na estrada vazia...
Foge do presente, repudia o futuro
e apavora-se com o passado...
Em seus delírios, sente-se amaldiçoado
Risca o escuro com velocidade
Ventos cortantes marcaram seu rosto
Pobre fantasma sem crueldade
Carrega consigo muito desgosto
Cavaleiro errante a vagar
Não se permite mais amar
Aceitou suas sinas...
Conformou-se com castelos em ruínas
Perdeu-se do seu império
Sua existência é um negro mistério
Não percebe mais, ser um belo guerreiro...
E acredita ser, das trevas, um mensageiro
Acostumado na solidão
Cravou um punhal em seu coração.
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LORDE ERRANTE
Labirinto escuro dos tormentos
Oscilante face mascarada, vagueia disfarçada
Ressurges das brumas em lamentos...
Desdenhas os anjos, em plena madrugada
Estátua de cavaleiro solitário, apagada

Envolves-te com o mistério...
Respiras a fumaça do teu império
Rastejando, sem limites, és andante
Até quando, Lorde Errante?
Necessitas de tanto sofrimento?
Tens na noite teu intento!
És nômade, um perdido viajante.

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VÉUS NA ESCURIDÃO
A lua cheia aparece
A paisagem é uma prece
Céu pintado de nanquim
Tudo acontece
Sobre os túmulos cor de marfim
Um forte perfume de jasmim
Os véus da noiva voam entre os ciprestes
Madrugada sem fim...
Alma despida de vestes
Caminha sem sentido na noite de frio
Tentando preencher seu vazio
Uma coruja surge no breu
A noiva se esconde no véu
Tenta de toda forma se isolar
Chuva fina, água gelada
Terra encharcada
Não aprendeu a amar
Está cansada...
Dorme seu sonho na escuridão
Vive em busca de sua paixão



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sábado, 27 de fevereiro de 2010


PESADAS CORRENTES

Cavaleiro das Sombras atira a máscara no chão
Desce a estrada cambaleando, sem direção
Seu destino ele não sabe, tateia na escuridão
Vai à frente, recua com medo, está na contramão

Perdeu o rumo da vida, com a dor da ferida
Sangrando ele segue bebendo à figura, quase esquecida
Precisa depressa encontrar a luz, a esperança perdida
Sozinho, ele grita, chora, soluça, no desespero da paixão rompida

Cavaleiro das Sombras está cansado, entristecido
Quando pensa em sua amada, fica arrependido
Quer seu perdão, necessita ser compreendido
Arrasta suas correntes, pesadas, ao coração proibido

Pensa naquela dama de olhos tristes, com carinho
Implora por um outro encontro, em seu caminho
Sua alma está a sofrer pelo veneno de um espinho
Olha para o vazio imenso e adormece de mansinho

Cavaleiro das Sombras tem pesadelos com sua Flor
Acorda assustado, acovardado, com receio de rancor
Geme com as mãos cruzadas, por sua infinita dor
Levanta-se novamente e caminha em busca de seu Amor

IMPOSSÍVEL


É impossível

Não podemos compor a mesma canção

Nasceste em outro tempo,

ficastes escondido

Em tua azulada concha , envolvido

O azeite não se mistura a água

Desfigurada partitura, sem emoção

A dor da eterna mágoa

É impossível

Lenços lilases, molhados

A natureza deságua,

numa infernal tempestade

Paixão desarticulada

A hora da verdade

Fogo invisível,

Olhares gelados

Escuro terrível

Insana crueldade

É impossível

O barro dos teus sapatos,avermelhados

Meus pés cheios de areia

O sabor ingênuo do passado

A velha aranha tece sua teia

O peito arde, tal qual uma vela

A queimar e consumir-se no tempo

Triste pesar

Estátua vestida de tormento

O espelho sem reflexo

Cascata de ilusão a secar

Sentimento complexo

Relógios sem nenhum movimento

É impossível


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Publicado no site: O Melhor da Web em 18/02/2010 Código do Texto: 50688

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


CINZAS DE ESPERANÇAS

Cai a noite, lua cheia
Brisa pálida, a soluçar
Aranhas caminham na teia
Barulhos do mar
Casa velha adormecida
Um suspiro no ar
Esperança quase perdida
Um corcel negro a cavalgar
Por cima de minhas feridas
Sem se cansar
Ar cinzento
Sopra o vento
Gira a roda da vida
E os Deuses a lutar
Sensação nítida
Tua partida
Só queria te amar
imagem disponível-GOOGLE
Publicado no site O Melhor da Web Poesias

A LENDA DA LAGOA


Vasto lençol de água doce

Pampa gaúcho, litoral norte

Minha paz, meu forte

A noite com o reflexo do luar

Caravanas saem a passear

Vão te observar

Surge ao longe, uma velha embarcação

Bate rápido um coração

Lagoa dos Barros, estórias de paixão

Passagem sutil, outros mundos

A dama branca

noiva das brumas, sai das águas

Coberta de véus, vaga pela areia

A cantar e olhar as estrelas

Lenda ou realidade,

muitos já viram

Relembram que há uma cidade submersa

Navegadores não chegam ao seu centro

Redemoinhos constantes

Em época de estiagem

Avistam a torre de uma igreja

E seus sinos a badalarem

O vento apressado, costeia o morro

E desce veloz, uivando em direção as águas

Ondinas na madrugada, a flutuar

Lagoa dos magos e das fadas

Em suas águas profundas

A magia de uma lenda viva

Na brisa uma energia surreal

Contos de gerações passadas

Fatos que assombram e encantam

Lugar de silêncio e reflexão

Lagoa cheia de emoção

Encanto da natureza

Lagoa dos Barros, quanta riqueza!



PUBLICADA NO SITE DE POESIAS EM 29/12/09

Publicado no site: O Melhor da Web em 30/12/2009 Código do Texto: 48043






ALQUIMIA POÉTICA

Numa alquimia poética

com o auxílio de um querubim

Transformarei tristeza em alegria

Doce magia

Somarei as letras do amor e da paixão

Dividirei sorrisos

Irei subtrair as amarguras do coração

sobre a pedra ocre, uma ampulheta dourada

a derramar areia

em mil e uma cores

Compasso lento

O perfume inebriante das flores

Uma mesa posta em harmonia

A almejada ceia,

em uma tradução dos sentidos

Virtudes do forte desejo

Singela luz de delicadeza

Transmutação

A vida , numa chuva de emoções

Um silêncio cor de rosa

A canção dos doze anjos

O som de flautas e violinos

Meus versos pairam...

na brisa lilás

A vibração do dia

O sonho da poesia


imagem disponível - GOOGLE

Publicado no site: O Melhor da Web em 18/01/2010 Código do Texto: 49143

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

REQUIEM
















REQUIEM


Silêncio...
Repouso absoluto
Terras secas, inférteis
Planta perecendo
Corpo caído
Sentimento adormecido
Coração sem compasso
Preces, sacramento antigo
Cânticos de lamentos
Eterno momento
Paixão amortecida
Esquecida...
Lago profundo
Geleiras destacadas
A insurreição contra a dor
Libertação ...
Rasgaram-se os véus
Mistérios decifrados
De longe avista os pântanos
Telescópio desembaçado
Ressurreição...
Sol da meia noite
Livros traduzidos
Páginas arrancadas
Trombetas a soar
Sons de remissão
Silhueta no horizonte
Distante...
A dança da esperança
Fênix renascendo das cinzas

IMAGEM DISPONÍVEL GOOGLE

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


NOITE DOS DEZOITO II

Na madrugada
Paisagem apagada
Um galo a cantar
O coração da mulher, a palpitar
Sete feiticeiras, na fogueira,
Tristes a dançar
Três batidas na porta
Frio que corta
Mensagem enviada
Por ela decifrada:
Banido do teu mundo ele está!
Por toda a eternidade!
Sem piedade!
Exilado da tua verdade!
Sou o Espírito dos ventos!
Acalmarei teus tormentos!
O fogo da lareira apagou
Ela adormeceu seu pranto
Coberta com seu manto
Sem nenhuma maldade
A luz da tranqüilidade,
naquele lugar ancorou
e a mulher, não mais chorou

NOITE DOS DEZOITO I


NOITE DOS DEZOITO I
Agosto ...
Quanto desgosto
Horas a aguardar, em vão
Perdeu o chão...
Sentiu o gosto do carvão
Noite sem fim...
Ela não pensava que fosse assim
Dezoito galos cantam na madrugada
Uma mulher acordada...
Dois dias sem dormir
Tentando entender um agir
Entorpecida no escuro
Pensamento impuro
Chão duro...
Janela quebrada
Palma da mão cortada
Machucada...
O fio da navalha
A imensa mortalha
Canção de cemitério
Dezoito feiticeiras do além
Ruínas de um império
Por ninguém que um dia foi alguém

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

TRISTE REVELAÇÃO


TRISTE REVELAÇÃO


O Ar pesado
Silêncio esmagador
Mar agitado...
Vento gemendo de dor
Sentimento sufocado
Pintura sem cor
Tempestade...
Natureza em convulsão
Escuridão sem piedade
Invertida percepção
Inverdade...
Um punhal cravado no coração
Antes do desenlace final ...
Nevoeiro desce...
Tormenta sobrenatural
Muralha acinzentada cresce
Esperança desaparece
Parece tudo tão irreal
O pesadelo...
A quebra do cristal
O espelho manchado
Tudo acabado
Desgosto estampado na vidraça
Quebrou-se a taça
Meu coração quase parou
O fim do que nem começou

IMAGEM - GOOGLE

TEATRO DAS ILUSÕES


TEATRO DAS ILUSÕES

NOITE FRIA NO TEATRO DOS DESTINOS

ECOAM AS BADALADAS DOS SETE SINOS

A MÚSICA INICIA, SÃO SONS DE VIOLINOS

E ABRE-SE A CORTINA

LÁ, ESTÁ, SORRINDO, UMA LINDA BAILARINA

LUZES AZUIS, FLORES BRANCAS, ANJOS DOURADOS

UM GRANDE PAINEL COM PÁSSAROS PINTADOS

ELA RODOPIA, SOZINHA, PERCORRENDO O PALCO

DANÇANDO, VAGAROSAMENTE, SEU SONHO

NUM RITMO QUASE TRISTONHO

CESSAM OS SONS DOS VIOLINOS

SILENCIAM OS SINOS

ENTRAM EM CENA OUTRAS BAILARINAS

COM SEUS PARES, FORMAM QUADROS FECHADOS

A MOÇA OLHA PARA TODOS OS LADOS

ONDE ESTARÁ SEU ANJO AMADO?

DANÇARINO ALADO

E NA DANÇA DA VIDA...

ESPERA QUE SEU DESEJO SE APRESENTE

PARA CHAMAR-LHE DE QUERIDA

SENTE-SE ESQUECIDA...

O TEMPO VAI PASSANDO

AS OUTRAS DANÇANDO

ENQUANTO ELA FLUTUA, SÓ, NO SEU BALÉ

SONHANDO, CHORANDO, ESPERANDO...

Poesia Publicada no Site de Poesias
e no Site O Melhor da Web Poesias

A POESIA


A POESIA
A POESIA É A CEIA DA ALMA DO POETA
É A LUZ DA FANTASIA
É ANDAR SOBRE AS NUVENS, DE BICICLETA
É O SEGREDO REVELADO
A LANÇA PODEROSA DA MAGIA
É O ELO DO PASSADO
É A ESPERANÇA NÃO PERDIDA
A POESIA É A TRANSMUTAÇÃO DE AREIA
EM PÓ DE OURO
É O CANTO DA SEREIA
É A REVELAÇÃO DA VIDA
É O ESCONDIDO TESOURO
A POESIA É O DESABAFO DO MALMEQUER
É A ALEGRIA DA PAIXÃO
É UM AMOR DE HOMEM E UMA MULHER
A POESIA É O RETRATO DO CORAÇÃO
É A AVE SOLTA A VOAR
NO CÉU AZUL, QUE CONTAGIA
É A LIBERDADE DE SE EXPRESSAR
A POESIA
É PURA ALQUIMIA


Publicado nos Sites : O Melhor da Web Poesias e Site de Poesias