O VENTO NÃO CESSA
HÁ VÁRIAS NOITES
ME TORTURA
OUÇO SEUS SUSSURROS
SONS DO INVERNO
O ECO DE MEUS GRITOS
ABAFADOS
A JANELA BATE COM FORÇA
OS PENSAMENTOS SE ARRASTAM
NA ESCURIDÃO
FECHO-ME NO QUARTO
COMO SE FOSSE UM CAIXÃO
SONHOS CONGELADOS
NÃO HÁ QUIETUDE
E O VENTO NÃO CESSA
UIVOS DE CÃES, A DISTÂNCIA
MADRUGADA CRISTALIZADA
ESPIO PELOS VIDROS DA JANELA
NÃO HÁ ESTRELAS
SOMENTO O BREU
E O VENTO NÃO CESSA
A NOITE, ENFIM, MORRE
VENCIDA PELO DIA
O BRANCO DA GEADA,
SE DESTACA NOS CAMPOS
UM CÉU TURVADO
O SOL ESQUECEU DE NASCER
CENÁRIO DESFIGURADO
NA LAREIRA, HÁ CINZAS
NO PENSAMENTO, AS CINZAS
NO CORAÇÃO, AS CINZAS
O DESEJO SE DESFEZ EM CINZAS
NO ESPELHO, UM ROSTO DESBOTADO
E O VENTO NÃO CESSA
O DIA CAMINHA, DE COSTAS
PASSOS LENTOS
O ENTARDECER CHEGA,
SOLITÁRIO
A FUMAÇA DA CHAMINÉ
SE MISTURA A CERRAÇÃO
ANOITECE
O VENTO PERSISTE
INVERNO DESERTO, VAZIO
ESCUTO COM AGONIA
OS SONS DO SILÊNCIO
RECLUSA EM MEU QUARTO
INICIA A NOITE INFINITA
JANELA BATENDO, NOVAMENTE
INSISTENTES TAMBORES
E O VENTO NÃO CESSA
CANSADA, CEDO ENTÃO
ABRO A JANELA
E PERMITO QUE O VENTO
ENTRE E SE PROPAGUE
PELO QUARTO
QUE FALE
QUE ESFRIE DE VEZ
A TEIMOSIA
E ASSIM AS CINZAS ESCONDIDAS
SE ESPALHEM SOBRE A PAIXÃO
E QUEM SABE
O VENTO SE ACALME
E EU POSSA DORMIR
Que espetáculo de poesia Tais!
ResponderExcluirBela construçao. Adorei, Parabéns!
Beijos pra ti.
Sou de Maringá, conheço o frio daí.
Mas moro em Sampa à muitoosss...rs