domingo, 28 de fevereiro de 2010


EPOPÉIA SILENCIOSA

Não posso parar, vou escrever
A Epopéia silenciosa
Não precisa, nem ler
Estou a viver
Ganhar, saber perder
Ando receosa
Cheia de cuidados, desgostosa
No limiar do meu santuário
Instalou-se a escuridão
Flores murchas do calvário
Vulcão sem erupção
Em mim as chagas do teu desprezo
Abrem-se e sangram, dolorosamente
A causa, um ser dormente
A luz de uma verdade estéril, constrangida
Ave solitária, vaga, sofrida
Próximo aos penhascos, anda perdida
Meia-noite, desperta o vento
Veloz, uivando...
Escuto o som do lamento
São gritos, um chamamento
Não posso mais te esquecer
Os barulhos fortes, do teu insano padecer
Caíste no vácuo da existência
Conseguirás talvez, regressar?
Esforço-me para te captar
Carrego bagagens de paciência
Na madrugada eu vou te alcançar
Não desistas, não fiques tão adormecido
Restam pequenas luzes de esperanças
Um sonho a ser vivido
Minha caixa cheia de lembranças
Quantas vertigens
Fogueira enfraquecida, quase cessando
Por ora, me afogo nas fuligens
O tempo está se fechando
Avisto um coral de corvos a cantar
São aves de rapina a espreitar
Melodia sinistra dos jazigos
Partitura exposta, muitos perigos
Cuidado com a crueldade dos falsos amigos
Abrem-se outras feridas
Misterioso eclipse, instala-se no desejo
Te procuro, entre as brumas, um lampejo
Tua silhueta, eu vejo
Lágrimas a jorrar, lavando meu coração
São águas salgadas que atingem seu estuário final
Com certeza, não será o fim da paixão
Silenciosa Epopéia de um amor imortal


Talvez o ocaso de hoje, onde a paixão se esconde, por sorte ou por azar, seja o prelúdio da alvorada do amanhã. Quem poderá saber? Apenas iniciamos uma Epopéia Silenciosa...
Imagem Disponível - GOOGLE

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