quarta-feira, 17 de agosto de 2011

POR VÓS . . .


POR VÓS

Por vós rogo pelos séculos que se arrastaram!
Regressais nobre cavaleiro que beijou minha testa
em vossa ausência recolho-me na torre do leste
a rondar o palácio estão os abutres, de soslaio

Quando no horizonte desce o breu
o sol se afoga em trevas...
Por vós rogo pelos séculos que se arrastaram!

Vinde cear com vossa dama de sete
Regressais nobre cavaleiro que beijou minha testa
Esqueçais vossos infortúnios,
assim não lembrarei minhas falácias
Ao som das cítaras, prelúdio de hierofantes
Os serafins descerão à Terra

Por vós rogo pelos séculos que se arrastaram!
Regressais nobre cavaleiro que beijou minha testa!

img - google





sexta-feira, 12 de agosto de 2011

OITO POR OITO



OITO POR OITO

Nas andanças do dia

Perdi minha estrela guia

Oito por oito... fervia

Falsa visão

Espada da ilusão

Em minha marcha noturna

Desviando serpentes

Arrastando correntes

Encontrei nos montes, o cão

Até parecia gente...

Contradição...

Muito feno empilhado

Palhas no chão

banhadas pelo luar

Reluziam como ouro,

Céu negro,cinza, arroxeado

Confundindo meu olhar

Pobre tesouro

Imensa armadilha

Me joguei na tal maravilha

Sujei minhas botas de lama

Sórdida trama

O eclipse aflorou...o velho caiu,

O anjo caiu

A chuva sangrenta desceu...

Minha lágrima subiu

O cão não mordeu, só latiu

Desviei das navalhas

O inferno sorriu

Que templo pestilento

Quantas mortalhas

Preciso de vento...

vento sul, vento norte , vento...

Oito por oito, acabou o tempo...


Vem depressa COMETA, com o som do vento,

Vem meu norte... poeta triste...

Está ventando, ilesa estou com a bússola,

vamos fazer a trilha, hoje...
















































































sábado, 6 de agosto de 2011

DEIXA CHEGAR



DEIXA CHEGAR


Deixa chegar
Na explosão dos segundos
Consumidos de saudades
Deixa chegar
Na impossibilidade do tempo
Consumidos de inverdades
Deixa chegar
Na alma inquieta dos anjos
Consumidos de lembranças
Deixa chegar
Na silenciosa melodia do vento
Consumido pelos desertos
Deixa chegar

IMG google

PRESENTE DE UMA CIGANA



Presente de uma cigana . . .


Ao olhar pela janela entre os pingos da chuva, observou as folhas secas sendo arrastadas pela água, ares de outono despedindo-se com pressa.
Relutando em virar o rosto para outro lado, concentrada em pensamentos matinais, tão seus, o fez com preguiça e em seguida baixou a cabeça e lá estava no gramado encharcado um anel de prata com uma pedra de ametista, brilhando inexplicavelmente para ela.
O coração disparou, curiosa correu porta afora, afobada tropeçou no tapete, caiu batendo a cabeça, desmaiou.
Despertou no colo de uma velha cigana, sentiu o cheiro das laranjas e limas em cima da mesa redonda de madeira bruta, para sua surpresa, em cima da mesa,o anel de ametista e alguns colares de pedras verdes e azuis, ao fundo da sala uma cortina bege e uma mesinha pequena com um candelabro com duas velas acesas ,um baralho e flores do campo num copo tosco.
Assustada ela caminhou tateando entre a penumbra e a escuridão até uma porta oval entreaberta, espiou para fora, viu muitos eucaliptos, era uma floresta, avistou outras carroças, uma fogueira no meio, onde homens e mulheres dançavam e cantavam alegres e crianças brincavam . Sem nada entender voltou para a carroça, perplexa, olhou para a velha cigana em pé, com vestido azul escuro uma corrente dourada no pescoço, uma caneca na mão, fazia frio, a cigana ofereceu-lhe água e apontou para uma pequena cama com cobertas em tons roxo e vermelho, pegou em sua mão, beijou-lhe a testa e conduziu-a até o descanso, ela tentou perguntar à velha que lugar era aquele, mas não conseguiu falar, ficou emudecida, pensou, talvez que fosse pelo choque do tombo.
Quem seria aquela mulher, e que lugar era aquele? E o anel o que fazia ali na mesa? Adormeceu cheia de dúvidas, muito cansada. Teve um sono perturbado, ora acordava em casa, na sua cama, ouvia os cachorros da vizinhança latirem, ora abria os olhos e via as chamas das velas já quase apagando.
No dia seguinte, acordou em sua casa, sem cigana, muito menos anel, levantou meio tonta , vestiu-se automaticamente, atrasada nem tomou café, foi para o trabalho, vinte quilômetros,nem sentiu a distância, estacionou na frente do serviço, desceu e quando atravessava o gramado próximo a alguns arbustos deixou a chave do carro cair, abaixou-se para pegá-la e para seu espanto viu o anel de ametista, juntou a chave e pegou o anel que foi para o seu dedo e nunca mais saiu.
Linda jóia, única, quando as colegas perguntavam ou elogiavam o vistoso anel, ela sorria e respondia é uma longa história , foi presente de uma velha cigana...

IMG GOOGLE