SONO DE DEZEMBRO I . . .
Alamedas escuras ruas turvas cobertas de areia lavadas de suor pálido medo prédios inacabados...anêmicos minh’alma errante não quer descansar caminha tateando os cordões e muros escuridão sem destino clarão no céu lua cheia invade a noite reflexos de luz nas poças d’água farejo teu cheiro no ar... forte maresia almiscaradas madeiras aproximo-me da tua janela entreaberta para as brisas aqui fora...o silêncio,as brumas te descubro...entorpecido pelos sonhos... adormecido entre os lençóis cremosos madrugada desperta nuvens preguiçosas encobrem o céu penumbra ... espio teu sono...profundo embalado pela suavidade... do vento que desperta minha sombra nos pilares acinzentados, sussurra que é hora de partir o tempo passou depressa o sol já vai nascer.. Publicado no site: O Melhor da Web em 15/12/2011 Código do Texto: 86397
Sono de dezembro II
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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Sono de dezembro I e II ( 2011/2012 )
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
. . . A c a l a n t o . . .
Adormece menino grande
nos braços leves da brisa
que leva embora teu cansaço
e um acabrunhado sentimento
o oceano carrega tuas tristezas
Adormece menino grande
no balanço da grande rede
azulada de franjas brancas
como o céu e as nuvens
na calmaria de um dia
tecido por mim
Adormece menino grande
acalma teu coração de marfim
não há mais inverno
apenas o sussurro da passarada
Adormece menino grande
no colo da saudade
pois a maré já vem subindo
e o repuxo leva toda tua dor
Adormece menino grande
com o som do meu acalanto
repousa teu pensar
nos travesseiros de algodão
das suaves ondas do mar
Publicado no site: O Melhor da Web em 03/08/2012
sábado, 23 de junho de 2012
Um velho farol
Passam os dias e as semanas escorrem entre meus dedos, só vejo os pássaros e os peixes,o sol, a lua,o vento e a chuva.
Entra ano e sai ano e eu aqui no farol, resistindo ao tempo e a solidão.
Isolamento e introspecção, meu monólogo no farol não tem fim.
Ao entardecer,com o passar dos minutos o sol vai se escondendo e a paisagem fica bucólica. Ao anoitecer o farol é acesso, a forte luz que sai dele orienta alguns navegantes que por aqui cruzam.
A monotonia toma conta do ambiente, visitas aqui são raras, principalmente no fim do outono e chegada do inverno...amanhece...escurece....amanhece...
Há dias,principalmente os nublados e ventosos que ouço vozes,o mar cinza esverdeado mostra-se agitado, então consigo ver muitas sombras nas paredes do velho farol, quantos rostos e pinturas ainda inacabados.
Durante o dia, mesmo com o frio e as brumas, caminho muito, mas o segredo para não cansar é observar a natureza, cantar, pensar, escrever e desenhar, converso com a fauna, a flora e com o farol que um dia me acolheu e me acolhe.
Sobriedade e quietude são imagens do inverno daqui, me acostumei com essa atmosfera de solidão que se desfaz em calma e muita paz.
No verão alguns estrangeiros aportam por aqui, porém permanecem por pouco tempo, pois talvez não suportem a solidão e as vozes das marés à noite, aqui eles não tem muito o que fazer, a não ser observar e compreender a natureza e a si mesmos...
Quando vem a tempestade, o mar assusta e algumas embarcações se perdem e encostam aqui, apenas para tomar um fôlego e logo estão de partida...
O farol não é um porto de embarque e desembarque, mas atrai navegadores e impõe respeito aos que não estão acostumados com a sua altivez, com a bravura do oceano e as vozes da natureza.
Aprendi a meditar lendo e relendo o lento caminhar das tartarugas ou compreendendo o ágil voo das aves daqui, são minhas companhias do dia.
De todos esses anos que estou aqui, posso afirmar que APRENDI A FALAR A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS E A SENTIR A REBELDIA DAS ONDAS DO OCEANO.
É quase impossível imaginar, porém, quando cheguei aqui, tinham pessoas me esperando para que eu ocupasse seus lugares e eles pudessem seguir, e outras que vieram ficaram pouco tempo comigo aqui no farol, foram em outros tempos..se se foram, pelo menos tentaram ...
Desde menina conheço o farol, quando no verão às vezes vínhamos de longe eu, meus pais e meus irmãos para uma pequena temporada, e os ventos do destino sopraram e me trouxeram para cá novamente, dessa vez para ficar e entender o farol e tudo que o cerca, então soube ( sempre soube) que eu pertenço a esse lugar e que ele me pertence, e que aqui tem tudo o que eu preciso...Não é comodidade e sim paz de espírito,aqui eu me encontrei .
Velho farol
Tua luz é projetada ao longe
Amortecendo a escuridão
Tua escuridão
Minha escuridão
A escuridão do mundo
O mar furioso
Acoita as tuas paredes
Em noites de tempestade
Ouço teus gritos
Entre fluxos e refluxos
Das ondas prateadas
Quantos naufrágios
Presenciamos
E quantas embarcações
Orientamos a direção
Não tememos o mar
Sabemos que não existe solidão
Que o silêncio tem voz
Aliás muitas vozes...
Ilumina distâncias
Sem temer o desconhecido
Seria o farol um alquimista?
Aprendi com ele a criar luz
E propagá-la ao longe
Arrebatando as trevas
Resgatando corações
Já sem esperanças do viver
Sou luz que navega pelas ondas
Invade as furnas e montes
Pequenos raios viajam
Aquecendo e soprando vida
Surpreendendo sombras esquecidas
Salvando almas...
Foi o farol quem me ensinou...
segunda-feira, 9 de abril de 2012
ESTRADA . . .
Estrada . . .
A estrada é longa
ninguém sabe onde termina
O destino da caminhada ...incerto
A trajetória entre escuros e claridades
Neste ponto em que estou...
não dá mais para parar
Se descansar é desistir...isso eu não vou fazer
Minha vontade é mais forte que meu cansaço
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domingo, 1 de abril de 2012
Estava escrito . . .
ESTAVA ESCRITO . . .
Corri sem parar
Buscando frutos
Somente árvores secas
Cai em armadilhas
Depois de muito tempo
Cansada e sem perceber...
Enfim, sai do deserto
Reviravoltas nos caminhos
Mudanças inesperadas
Retornos ... surpresas
Sol nascendo novamente
Paz estranha, alcançada
Sentimento andarilho
Espinho arrancado
Resguardo... cura da ferida
O sal deixado para trás
Lágrima estancada
A esperança renovou-se
no vazio do tempo
A insistência morta...viva
Lápide quebrada
Ressurreição da alma
O voo das sementes
sacudidas pelo inesperado
Já estava escrito
Sem parar
caminhava
Buscando
falsas estrelas
Deserto cruel
Tempo vazio
Estradas, retornos
Sol... sem perceber
Paz alcançada
Sentimento suave
Espinho arrancado
Cura...
a lágrima ...perdeu-se
Tempo de luz
Quebra do mal...
ressurreição
voo... inesperado
mais uma vez
eu sabia
não acreditava
aconteceu...
estava escrito
Mais uma vez, o risco lento de um cometa ...
Atravessou meu universo
verdades ocultas
que só o tempo mostraria...
os laços do passado próximo arrancados
todas as ilusões levadas com o vento do deserto
novos laços etéreos reafirmados
num oásis de calmaria e lucidez
um novo clarão no horizonte fosco
o tempo moldou as estátuas de pedra
o tempo fez amadurecer os frutos sem vida
o tempo renovou a aliança inesperada !!!!!!!!!!!!!
o tempo fez o milagre !!!!!!!!!!
estava escrito...
sexta-feira, 9 de março de 2012
SATREL DE LOS . . .
Satrel de los...
Letras refletem em meu espelho
Dia a dia olho para o mundo
Suspiro e penso
O que faço eu aqui
No campo das ilusões
Sem as vendas nos olhos
A luz do sol arde minhas vistas
Meu estômago embrulha
Então silenciosamente
Minha alma chora
Convulsivamente
Refugio-me em teus versos
Repouso meus dedos em livros
Orvalhos de esperança
Assim adormeço em paz
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
MINHAS VÍRGULAS
Minhas vírgulas
Entre as rosas amarelas ...
crivadas de espinhos
Esconde-se o punhal da in(decisão)
Hipérboles cansadas da mesmice da vida
Caminhos de brisas e temporais
Chão de estrelas descoloridas
Horizonte em chamas
Polaridades invertidas,
Explosão silenciosa
Vírgulas em tantas estradas distintas,
algumas caídas nas curvas cinzentas
outras dispostas em lugares ermos
muitas delas desgastadas pelo tempo hostil
Minhas vírgulas são tantas ...
Quantas pausas amigas do engano
Vírgulas ceifando os compassos
Milhares de orquestras sem som
Deixando as letras reféns...
de um relógio que se cansou
entre olhares viperinos, mesmo assim
essas letras teimosas renascem
e descansam, sem culpa na luz do sol
totalmente despidas de reticências
sementes germinando
ideias nascendo
meus pensamentos me compreendem
é isso que importa
ignoro os falsos adjetivos,
que de tanto discursar
nada mais ...dizem
sonhos desenganados
meu punhal entre as rosas
com vontade...rasgo o ventre da ilusão
deixando suas vísceras no fosso da ironia
libertando o coração das masmorras
e voando bem alto
ao lado de minhas vírgulas
que também criaram asas...
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
TEMPO DE VOO
Tempo de voo
(para as gaivotas que partiram...)
O gosto salgado do mar
A fuga das palavras sobre as ondas
Os lábios secos de ilusão
O tropeço no pronome possessivo
A regência de um verbo desgarrado,
em um barco à deriva
O voo das gaivotas
para longe dos limos apodrecidos
os rochedos acinzentaram
e a música calou-se
presas a uma ilha sem habitantes
o desespero das libélulas
as asas pregadas na cortina da noite
barulho estridente dos sinos no ar
que mais parecem tambores de guerra
ou martelos de uma sentença
tempo de voo
o vendaval revirando o oceano anil
cansado, triste e morno
escurecido...anunciando temporal
a solidão da nuvem angustiada
que já vai chorar
derramando suas lágrimas
chuva de lamentos e dúvidas
e uma saudade insistente
das gaivotas que partiram
08.02.12
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
TELA NOTURNA DO TEMPO
TELA NOTURNA DO TEMPO
Pedras escuras, trilhos estreitos
A noite acorda a velha cantina
Som de gaitas ao longe
Cantoria , vozes, risos
Ventania nos arvoredos
Temporal a caminho
Luz bruxuleante
Céu sem lua
Rua deserta
Salão imenso
Estátuas de mármore
marcadas pelo tempo
de nublados e neblinas
sussurros nas mesas medievais
passos,giros, copos, cartas e jogos...
A dança das idéias escondidas, poeira...
Barulho estridente, ruptura
Taças de vinho
estilhaçadas ao chão
Tingindo de púrpura o espaço
Nas telas silhuetas de homens e lobos
O som dos trovões
Reflexos de relâmpagos nos espelhos
Chuva grossa que cai sem parar
Gelo e sal na tolha parda
Garrafas esverdeadas
Papel amarelado
Escrituras antigas expostas
E um eco sem fim...
“trocando vinho e bebendo idéias?”
Onde estão os Goliardos?
Estão no poema que nasce...
Triste,silenciando seu choro
Na hora tardia
Na morte da noite
Que já escuta o galo cantar
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