sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TEMPO DE VOO




Tempo de voo


(para as gaivotas que partiram...)

 

O gosto salgado do mar

A fuga das palavras sobre as ondas

Os lábios secos de ilusão

O tropeço no pronome possessivo

A regência de um verbo desgarrado,

em um barco à deriva

O voo das gaivotas

para longe dos limos apodrecidos

os rochedos acinzentaram

e a música calou-se

presas a uma ilha sem habitantes

o desespero das libélulas

as asas pregadas na cortina da noite

barulho estridente dos sinos no ar

que mais parecem tambores de guerra

ou martelos de uma sentença

tempo de voo

o vendaval revirando o oceano anil

cansado, triste e morno

escurecido...anunciando temporal

a solidão da nuvem angustiada

que já vai chorar

derramando suas lágrimas

chuva de lamentos e dúvidas

e uma saudade insistente

das gaivotas que partiram

08.02.12

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