terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

MINHAS VÍRGULAS




Minhas vírgulas


Entre as rosas amarelas ...

crivadas de espinhos

Esconde-se o punhal da in(decisão)

Hipérboles cansadas da mesmice da vida

Caminhos de brisas e temporais

Chão de estrelas descoloridas

Horizonte em chamas

Polaridades invertidas,

Explosão silenciosa

Vírgulas em tantas estradas distintas,

algumas caídas nas curvas cinzentas

outras dispostas em lugares ermos

muitas delas desgastadas pelo tempo hostil

Minhas vírgulas são tantas ...

Quantas pausas amigas do engano

Vírgulas ceifando os compassos

Milhares de orquestras sem som

Deixando as letras reféns...

de um relógio que se cansou

entre olhares viperinos, mesmo assim

essas letras teimosas renascem

e descansam, sem culpa na luz do sol

totalmente despidas de reticências

sementes germinando

ideias nascendo

meus pensamentos me compreendem

é isso que importa

ignoro os falsos adjetivos,

que de tanto discursar

nada mais ...dizem

sonhos desenganados

meu punhal entre as rosas

com vontade...rasgo o ventre da ilusão

deixando suas vísceras no fosso da ironia

libertando o coração das masmorras

e voando bem alto

ao lado de minhas vírgulas

que também criaram asas...














































































sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TEMPO DE VOO




Tempo de voo


(para as gaivotas que partiram...)

 

O gosto salgado do mar

A fuga das palavras sobre as ondas

Os lábios secos de ilusão

O tropeço no pronome possessivo

A regência de um verbo desgarrado,

em um barco à deriva

O voo das gaivotas

para longe dos limos apodrecidos

os rochedos acinzentaram

e a música calou-se

presas a uma ilha sem habitantes

o desespero das libélulas

as asas pregadas na cortina da noite

barulho estridente dos sinos no ar

que mais parecem tambores de guerra

ou martelos de uma sentença

tempo de voo

o vendaval revirando o oceano anil

cansado, triste e morno

escurecido...anunciando temporal

a solidão da nuvem angustiada

que já vai chorar

derramando suas lágrimas

chuva de lamentos e dúvidas

e uma saudade insistente

das gaivotas que partiram

08.02.12

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

TELA NOTURNA DO TEMPO





TELA NOTURNA DO TEMPO


Pedras escuras, trilhos estreitos

A noite acorda a velha cantina

Som de gaitas ao longe

Cantoria , vozes, risos

Ventania nos arvoredos

Temporal a caminho

Luz bruxuleante

Céu sem lua

Rua deserta

Salão imenso

Estátuas de mármore

marcadas pelo tempo

de nublados e neblinas

sussurros nas mesas medievais

passos,giros, copos, cartas e jogos...

A dança das idéias escondidas, poeira...

Barulho estridente, ruptura

Taças de vinho

estilhaçadas ao chão

Tingindo de púrpura o espaço

Nas telas silhuetas de homens e lobos

O som dos trovões

Reflexos de relâmpagos nos espelhos

Chuva grossa que cai sem parar

Gelo e sal na tolha parda

Garrafas esverdeadas

Papel amarelado

Escrituras antigas expostas

E um eco sem fim...

“trocando vinho e bebendo idéias?”

Onde estão os Goliardos?

Estão no poema que nasce...

Triste,silenciando seu choro

Na hora tardia

Na morte da noite

Que já escuta o galo cantar